03 de março | 2018

Olímpia mais que centenária de sonhos e sons, carente de realidade

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Do Conselho Editorial

Pode se afirmar que Olímpia, hoje, retoma a ideia de pujança e progresso de muitos anos e muitas vezes ocorridas ao longo de sua história.

Quando na época em que o café era considerado o esteio econômico do país, perdida no meio sertão paulista, encravada entre Minas e Mato Grosso a cidade que se estendia da divisa de Barretos até as margens do Rio Grande era respeitada pela produção cafeeira.

E aqui habitava Jeremias Lunardelli, tido, havido e reconhecido como o Rei do Café, e por lugares públicos por onde transitam olimpienses no seu dia a dia ainda há por aqui a mão deste benemérito, que juntamente com outros fundadores construíram o respeito à economia local.

Um dos maiores PIBs – Produto Interno Bruto – do Estado de São Paulo, Olímpia era bem mais que uma pequena cidadezinha abandonada no meio do mato, construída às margens de um pequeno riacho.

Era bem mais que isto, e poderia ter sido muito mais não tivesse se rendido a ganância de uma elite conservadora e atrasada que ao invés de avançar processos pensava somente em interesses mesquinhos e medíocres sem noção alguma de amor a cidade ou de bem estar coletivo.

E, infelizmente, não se pode afirmar que tenha havido mudanças profundas que modificaram este estado de coisas, pelo contrário, ele se petrificou e continua atravancando seu progresso e sua caminhada na direção do futuro.

As disputas intestinas pelo poder e a manutenção do mesmo pelo que há de mais retrógrado, ultrapassado e rançoso, faz da estância turística um caranguejo buscando tocas na lama.

Na fase áurea do café, e até os anos setenta, quem teve acesso a informação, através de jornais e revistas da época, sabe que a vida fluía em toda plenitude; grandes festivais de música, teatro, cantores famosos que aqui aportavam para apresentações; jogos abertos do interior, vários clubes, bares famosos, entre eles Pinguim e Taba dos Carajás.

Não custa lembrar da Festa das Nações, Olímpia Futebol Clube, um time que brilhava, Festivais do Folclore em alta, basquete em ascensão, uma juventude super participativa, Colégio Olímpia e tantas e tantas outras coisas que Olímpia oferecia a seus moradores e que outras cidades do mesmo porte não tinham.

Antes da laranja, aconteceu um período em que se discutiu a industrialização com o Laticínios Flor da Nata e várias empresas do setor moveleiro, destacando-se a Móveis N. Senhora Aparecida entre outras, e pontue-se o momento em que se evidenciou a construção e funcionamento do Distrito Industrial.

Quase no mesmo tempo, quando a indústria moveleira e o laticínio dão sinais de esgotamento, desponta a laranja que acena a possibilidade de que Olímpia retomaria sua trajetória e voltaria a brilhar no palco da economia regional.

Tal perspectiva não se configurou e a cidade que se estendia da divisa de Barretos até as margens do Rio Grande foi diminuindo em tamanho físico, moral e financeiro.

Cada vez mais aventureiros tiravam dela suas oportunidades para proveito pessoal e aquela cidade musical, sonora, cultural e viva transformou-se no lugar comum que tem sido.

Sua última oportunidade no mundo do emprego e dos negócios e renda advém do turismo e é palpável e visível seu crescimento em torno deste setor.

No entanto, e ai reside o nó górdio da questão, não se produziu homens qualificados e bem intencionados que consigam visualizar na cidade em que habitam além aquilo que ela permite lhes oferecer; aquilo que seria sua contribuição para que ela fosse melhor para si e para todos.

Poucos tem noção e isto não é característica só de Olímpia, de que chegará o dia em que esgotadas todas as possibilidades o caos será inevitável, e não é preciso invocar o Rio de Janeiro para se comprovar isto.

O que foi a capital do país e o símbolo maior do turismo nacional, hoje é dominada pela bandidagem, pela corrupção, pelo estado paralelo e pelos políticos sem escrúpulo algum.

Olímpia pode mais e o momento é este, basta se libertar das garras de alguns políticos mercenários e apostar com fé, foco e esperança para deixar de ser apenas uma Olímpia mais que centenária de sonhos e sons, carente de realidade.

 
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