21 de outubro | 2012

Responsabilidade ou irresponsabilidade do provedor?

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Do Conselho Editorial
Deveria este editorial ter por título “Cadê o Ministério Público”, por ter sido, exatamente, este órgão, através do promotor Gilberto Ramos de Oliveira, quem propôs a intervenção na Santa Casa de Misericórdia de Olímpia pela prefeitura municipal através do prefeito Eugênio José Zuliani.

O objetivo da intervenção tinha como pano de fundo a solução de algumas questões que entendia o representante do MP não estava funcionando da maneira como deveria.

Desde então, do dia em que assumiu a provedoria o vice prefeito Gustavo Pimenta, este jornal, que não concordava com a medida autoritária tomada em um período em que a Santa Casa vivia seu melhor momento em termos organizacional e administrativo, passou a alertar a sociedade local sobre a caminhada daquela instituição na direção de sua decadência e possível futuro fechamento.

Com a abertura da UPA e tendo em vista que desde que assumiu a Santa Casa o grupo de Eugênio não colocou lá um tijolo que fosse e nem se esforçou para que a instituição avançasse os processos que foram discutidos pelo Ministério Público e que viabilizaram a desculpa para a intervenção, este jornal se posicionou de forma mais veementemente em relação a crônica de uma morte anunciada que lá se dava orquestrada com a colaboração do poder público.

Algumas mortes ocorreram neste período e ficou a suspeição de que a fórmula adicionada a instituição hospitalar atrelada ao esquema Eugênio demonstrava não ser das mais profissionalizadas.

A instituição viu inchada sua folha de pagamento com personagens próximas dos que rodeiam o poder.

Suas contas, que segundo o provedor Mário Mordaça, estavam estabilizadas e com caixa suficiente para saltos mais avançados no sentido de modernizá-la agora não tem mais.

O mesmo Montini vem a público de forma indireta demonstrar a inverdade que havia em suas declarações.

Foi amplamente divulgado pela mídia situacionista que a situação da Santa Casa depois da “expulsão” da provedoria passada pelo prefeito local, era bastante confortável, recebendo ajuda econômica da sociedade local e verbas parlamentares vultosas.

Vendeu-se a idéia de que o possível futuro caos era uma invencionice dos que não gostam da cidade e que por isto deveriam mudar-se para outras cidades já que só conspiravam contra Olímpia.

O próprio prefeito Eugênio José Zuliani, que assinou a intervenção em um de seus arroubos juvenis impensados, garantiu que transformaria a Santa Casa no melhor hospital regional que já se viu por estas bandas, e que se a Santa Casa de Misericórdia de Olímpia fechasse as portas ele mudaria da cidade.

A realidade dos bastidores, no entanto, demonstrava que a Santa Casa batia latas há muito tempo e que a situação mantida pelas inverdades ditas e repetida a exaustão pelos jornais, blogs e emissoras oficiais dia menos dia, viria a tona.

E está vindo, e este jornal discutiu ao cansaço que esta irresponsabilidade toda seria desvelada após as eleições, que a UPA nada mais era que a catapulta que tinha por objetivo conduzir Geninho para seu segundo mandato.

Que ao colocar a UPA em funcionamento e deslocando a verba do SUS para lá inevitavelmente a Santa Casa, que já estava em dificuldades econômicas perderia ar e seria sufocada pela incompetência administrativa que se instalou em Olímpia.

Não é preciso ser mágico ou futurólogo para previsões tão óbvias, simplesmente o capitalismo não faz milagres e quando se trata de dinheiro e de falta de dinheiro o sistema capitalista é por demais realista, ou fecha a porta ou fecha a porta.

E o que o Provedor Mário Mordaça Montini está anunciando é apenas a constatação do início do fim daquela instituição que se afastou da sociedade, por isto não conta mais com apoio da sociedade, foi entregue às mãos do governo Eugênio que não tem responsabilidade social alguma, que a sufocou em detrimento do seu plano político futuro.

O que há de mais alarmante nisto tudo é que o que se anuncia agora terá reflexos muito mais profundos na sociedade, pois o que se vendeu como substituto da Santa Casa para através da ilusão ganhar uma eleição, a UPA, se vista pelo olhar técnico e pela realidade, não passa de um barracão novo com um monte de equipamentos nem sempre novos, alguns sucateados.

A UPA olhada por critérios mais severos não oferece muitas condições para prestar um serviço de qualidade, além de contar com uma equipe insuficiente para cuidar de uma população com mais de cinqüenta mil habitantes sem contar os flutuantes.

Esta a realidade que se vislumbra do anúncio da já tão divulgada, pelo menos neste jornal, crise que vive a Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, que estava sendo ocultada através da demonstração de uma entidade bem administrada, com dinheiro em caixa, que tinha herdado problemas e que havia na medida do possível solucionado todos e atuava com tranqüilidade para atravessar a fase de superação que se imporia após a implantação da UPA e retirada pelo poder executivo de valores necessários a sua manutenção.

O que se está vivendo é apenas o óbvio, que encontrará ressonância na UPA, cujos custos altos a inviabiliza em cidades do porte de Olímpia.

E a cidade, por incompetência do chefe do executivo, prefeito Eugênio, por sua “narcísica” vocação carreirista, caminha a passos largos para não ter mais seu único hospital, e passar a contar apenas com uma UPA que se assemelha mais a uma UBS em que foram adicionados alguns ingredientes, que não resolve o principal, que deveria ser ferramenta auxiliar da Santa Casa, que corre o risco de ter que enxugar a folha e prestar um serviço pior do que já estava prestando no período eleitoral e cuja tendência é piorar e muito.

Não há mais necessidade de voto, não há mais necessidade do povo.

A sociedade, a moda européia, deveria ir as ruas cobrar as responsabilidades e irresponsabilidades do Sr. provedor Mário Montini, que esperou o resultado da eleição para vir a público revelar indiretamente que induziu a erro e prejudicou a população olimpiense, divulgando uma realidade econômica que não existia na instituição que tinha como dever zelar.

Ou, deveria vir a público para explicar o que aconteceu com o equilíbrio econômico que sustentava ter dado aquela instituição.

Não se justifica o Ministério Público quedar inerte diante desta situação em que propôs uma intervenção na Santa Casa de Misericórdia de Olímpia ou teria que responsabilizar o Executivo por entender que era obrigação sua o atendimento de saúde a população.

Da mesma maneira, não se justifica que o Poder Executivo que tinha segundo o MP que equacionar as questões apontadas pelo Ministério Público e não o fez, que não intervenha novamente na Santa Casa, para finalmente solucionar a crise que ajudou a aumentar. Ou, então, seremos obrigados a acreditar que sempre existem muito mais mistérios entre o céu e a terra que possa imaginar a nossa vã filosofia.

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