03 de abril | 2016

Secretários vereadores voltam às Câmaras, ou, e a farsa continua?

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Do Conselho Editorial

O Brasil por menos que se deseje, por motivos ufanistas ou exageros nacionalistas, continua sendo o que sempre foi sem decepcionar a maioria, cuja noção de ética e cidadania é zero a esquerda.

Começam a voltar para as Câmaras municipais de to­do o Brasil os vereadores que assumiram cargos de Secretários Municipais ou de direção de autarquia, tirando as vagas dos suplentes que ocuparam seus lugares.

Como se trata de uma patetice, para não dizer patifaria própria do cenário político nacional, esta fraude eleitoral e princípio básico do sistema de sustentação da corrupção é vista pela população como se fosse de uma normalidade pura e santa, quando não é.

Há uma campanha eleitoral, o cidadão se candidata, e antes ou após o pleito, dependendo do caso, negocia cargos, loteia a máquina pública e que se dane a responsabilidade com o bem administrar, com a economia, com o zelo com as questões de ordem pública.

Finalizado o pleito, diante do resultado das urnas, o prefeito, governador, presidente, vai tratar de acomodar os que foram rejeitados pelo voto, embora tenham sido premiados com a suplência, e outros que atingiram votação razoável no entendimento do político coronelista afeito a formação de currais eleitorais.

Como o dinheiro público é de todos, a sensação que se têm é que é ao mesmo tempo de ninguém, podendo ser gasto a moda bota, esparramando a cada passada, ou jogando pro ar e falando que o que for do senhor que vá pro céu e o que cair na terra que seja dividido entre os pobres mortais, que se lixem a fé e a moral.

E assim se dá no âmbito do poder, um monte de gente é nomeada para ocupar secretarias e autarquias para ceder espaço para que um monte de suplentes se transformem em vereadores e assim se paga um montante de salários para um monte de pessoas que não produzem tanto assim.

Alguns entram e saem de Secretarias e suplências sem que se saiba o que foram fazer por lá a não ser nomear mais parasitários e receber o gordo salário que nem sempre fez jus.

O eleitor que votou no candidato para ser vereador, acreditando nas suas propostas, que por si só se demonstram mentirosas, já que não ocupou o cargo, é fraudado nas suas expectativas eleitorais e lesado economicamente já que acabou por conta de sua escolha colocando dois vereadores para defender suas questões públicas sem que tenha sido consultado se é a favor ou contra esta manobra no mínimo imoral.

Imoral, por que se presume que o cidadão será representado em síntese por aquele que escolheu para votar e que em síntese advoga seu pensamento, respeita suas convicções e luta para que sejam implantadas políticas públicas semelhantes as que gostariam de ver ser colocadas em prática.

Resumindo mais ainda, pois há de se retirar deste universo de votante os que corrompem seu próprio voto vendendo, barganhando, trocando por favores ou negociando por cargos ou participação em licitações fraudulentas, estes se prostituíram e perderam o direito à cidadania, isto em países sérios.

Os outros, no entanto, que se espera seja maioria, foram fraudados mesmo, tolhidos no seu voto, já que o suplente constava na lista de opções eleitorais e o eleitor, em sua maioria não optou pela sua presença no Legislativo.

Entrou pela porta dos fundos, sem representatividade, fazendo papel minúsculo, refém do sistema, muitas vezes pelego, simples carimbador dos desejos de outrem, enfim escravo de um sistema voraz e corrompido que fornece ares de legalidade a absurdos como este, colocando em posição que deveria ser de relevo alguém que nem opinião própria pode ter, senão perde a boquinha.

E por falar em boquinha esta desfaçatez é tão grandemente cínica que no período que a legislação exige os ocupantes reais do cargo, os que se somaram aos suplentes para dar passa moleque na população, voltam às vagas a que foram eleitos, como se tivessem cumprido um papel de relevância à sociedade, quando na verdade apenas contribuíram para a corrupção de costumes dentro de uma cultura de corrupção que aceita como normal estas aberrações.

E o suplente que quase nada foi, volta a sua insignificância com o mesmo discurso de prestação de serviço e colocando ar nos peitos para a próxima eleição, acreditando que suas chances poderão ser maiores mesmo tendo patrocinado o indecante espetáculo de deixar de ser a si mesmo para ser escravo de uma vaidade travestida de cargo de autoridade que pode ser tirada a qualquer momento.

Voltam pelo Brasil afora os vereadores que praticaram a fraude eleitoral de se candidatarem e traírem o povo indiretamente renunciando aos seus mandatos em nome de negociatas que transformam a política em um enorme e sujo balcão de negócios e o país na mesma capitania hereditária comandada por bandidos degredados sem fé, sem moral e sem lei.

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