27 de maio | 2017

Temer governa um país de ladrões?

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Do conselho Editorial

A delação do proprietário do frigorífico JBS não só criou a maior crise do atual governo, assim co­mo colocaram em exposição as vísceras de um país atolado até o último órgão em sistemas de corrupção.

Pelo que se depreende das delações do empresário, somadas a tantas outras no espectro da Lava Jato, dificilmente algum órgão ou instituição pública ficará livre da podridão em razão do enraiza­mento de práticas condenáveis em todas elas.

O próprio órgão máximo de Justiça, o Supremo, teve membros alvos de ilações e suspeitas de envolvimento em situações, no mínimo, capazes de manchar a respeitabilidade e a imparcialidade exigida da Suprema Corte nas suas manifestações em favor do cumprimento do estabelecido no re­gramento legal.

A situação é de tal ordem, que mesmo os encarregados das operações, que se denominou Lava Jato, demonstravam predileções de perfil ideológico nas redes sociais, que contaminariam, no entendimento de eminentes juristas, as investigações em razão do açoda­mento que as disputas político eleitorais têm provocado nas redes sociais.

Com a prisão da escolha de suas preferências é evidente que o comportamento deles e mesmo o do juiz de Curitiba passem a ser questionados, já que se suspeitava que apresentavam dificuldades em relação a uma corrente política e colocavam dificuldades a que publicamente muito deles revelavam discordar.

A absolvição da esposa do ex- presidente da Câmara contribui para este desgaste da operação, assim como a rejeição por parte do juiz das perguntas que poderiam trazer incômodo ao presidente da república.

Esta questão culmina por facilitar aos que combatem a operação, por razões óbvias, que passem a construir narrativa desfavorável a operação visando seu final.

É clara e cristalina a contribuição que a operação deu ao país em relação ao necessário combate à corrupção, que iniciou por ela e chegou ao ponto em que está e que pode conduzir a nação a uma rea­valiação da noção de ética que foi empregada pela classe política até então.

E aí mora o perigo, pois evidenciado está que a maioria dos congressistas aliados aos grandes empreiteiros e toda gama de sórdidos nacionais, banqueiros, governadores, prefeitos, vereadores, ONGs, associações, sindicatos, juízes, delegados, promotores, etc. são, em grande parte, salvo as exceções, bandidos a quem interessa a manutenção do que aí está, e luta por isto.           

E este cabo de guerra que envolve poderosos se movimenta cinicamente para promover entre si a possível substituição, via eleições indiretas, alguém com trânsito entre corruptos e corruptores para substituir o que resta do zumbi denunciado pelo proprietário do frigorífico, que insiste em rondar os dias e as noites do Palácio do Planalto.

Michel Temer gostem ou não, será despejado por ver revelado o lixo moral que era e é. A preocupação agora é substituir Temer, que governa, ou governava, já que pode cair a qualquer momento, um país de ladrões, por outro que tenha a mesma ou maior experiência para lidar com corruptos, para dar continuidade à escalada contra a moralização de uma nação em que um único empresário delatou que corrompeu quase duas mil pessoas e isto soou aos ouvidos da maioria como se fosse algo dentro da normalidade. E o pior é que a se considerar a cultura instalada de corrupção, é.

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