15 de julho | 2012

Upa, mais uma para não funcionar

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Do Conselho Editorial
Há um grande esforço por parte do governo de Eugênio José de provar que a Upa, que não deu certo quase que no país inteiro, vá dar certo em Olímpia, onde geralmente as coisas relacionadas a saúde neste governo não funcionam adequadamente.

A razão é clara e evidente, reverter o quadro caótico que a população vivenciou durante quatro anos e continua vivenciando pela péssima administração que foi imposta ao setor.

Esta reversão, e ai está o desespero do governo Eugênio, tem que se dar no prazo curto de três meses, que é exatamente o período eleitoral, pois a maioria das Upas, de acordo com milhares de especialistas do setor de saúde, não tem feito mais que alavancar candidaturas através da maquiagem e não da boa prestação de serviços.

Tanto que gestores públicos sabedores de que a estrutura apesar de muito bonita é cara demais e nada funcional do ponto de vista da resolução dos problemas mais sérios enfrentados pelo setor, deixam para inaugurá-la exatamente no início do período eleitoral.

A veia populista e demagógica de Eugênio não atuaria de forma diferenciada desta, tanto que arrastou com a barriga, talvez, um pouco por incompetência administrativa, outro tanto por aconselhamento político e profissional de quem conhece a área de saúde pública, para inaugurá-la no último dia em que poderia participar de inaugurações de acordo com a lei eleitoral.

Iniciado os trabalhos na Upa, ficou bastante evidenciada falhas de ordem técnica no setor que possivelmente serão discutidas ao longo da campanha, até por que independente da beleza estética do prédio, o principal não dão mostras de ter sido resolvido.

A falta gritante de médicos que queiram atender pelo SUS pelo Brasil inteiro, o despreparo total de profissionais do setor da área médica, da área de enfermagem, se faz notar e foi evidenciado logo na inauguração marcada por um incidente que ganhou as ruas e que foi camuflado pelos positivistas de plantão.

Houve, ao que se fala e foi confirmado por pessoas que lá estavam, que um cidadão passou mal no dia da inauguração e o atendimento, em que pese a presença de enfermeiros, médicos e autoridades da área, foi precário, expondo uma falta de experiência gritante.

Na continuidade, os que precisam de atendimento médico constataram que se ampliaram as dificuldades que já não eram poucas e não foram colocadas facilidades na construção do caos que é a saúde pública de Olímpia.

Alguns pontos de interrogação não foram e possivelmente não serão equacionados; ao que tudo indica os médicos contratados pela Oscip encarregada dos serviços continuam sendo os mesmos de antes, o que leva à conclusão que foi levada a efeito uma arrumação meio cobertor Pedro de Toledo, que ficou conhecido por cobrir os pés descobrir a cabeça e, ao se cobrir a cabeça, descobrir os pés.

O problema já começa a ser sentido nas UBS que estão com falta de profissionais desde o início deste desgoverno que prometeu na campanha passada, se eleito, resolver o problema da saúde em quatro meses de governo e não o fez em quatro anos, talvez precisando de 30 para fazer o que seria necessário em três.

Tudo indica, e se diz a boca pequena, que houve um remanejamento de profissionais, o tradicional desnudou um santo para vestir outro, e em áreas como pediatria, por exemplo, teria ficado o vácuo, assim como cardiologia.

Sem contar que em encontrando o médico na rede pública depois não se encontra o remédio recomendado no Centro de Saúde.

Por outro lado, a Santa Casa vive o ostracismo total, toda aquela estrutura no semiabandono, que adicionou mais uma dificuldade para o cidadão entre as tantas que já se colocava entre ele e a tentativa de se tratar.

Antes, se não houvesse médicos na rede pública, a família pagava a tradicional consulta e através do também tradicional jeitinho, dependendo da gravidade, era internado na Santa Casa pelo SUS, agora terá que enfrentar além da doença uma viagem pelo setor de saúde que lembrará a volta ao mundo em oitenta dias do Julio Verne.

Neste desgoverno, principalmente nesta área, tudo tem vindo para complicar mais ainda a vida do cidadão. O incidente em que veio a falecer a criança de Altair, em que pese justificativas enviadas à redação, até por meios apócrifos, já que não vieram em papéis oficiais, em que pese o esforço desenvolvido pelos profissionais de medicina e o que se pode considerar a princípio como evidente ausência de culpa no caso, ficou patente a falta de estrutura da UPA.

Havia apenas dois casos para serem atendidos, segundo informe da Gepron, Oscip encarregada pelo atendimento na UPA e a situação era evidentemente demonstrativa de que se houvesse mais uma situação de risco, possivelmente o atendimento que já era precário se tornaria absolutamente impossível.

As pessoas que lá ficaram horas a espera de atendimento possivelmente não estariam ali se não houvesse necessidade premente de atendimento, e como não fora neste longo período avaliadas por profissionais de saúde não há como afirmar se seus estados de saúde ofereciam risco a suas vidas ou não.

Portanto, é necessário de forma urgente rever as condições que os trabalhos estão sendo conduzidos por lá, afinal é com vida que estão tratando, e a promessa era de que a UPA viria para melhorar o atendimento, e o que se viu foi um pronto socorro totalmente despreparado para o caso de uma tragédia.

Tragédia, que embora se ore para que não ocorra é preciso ter instrumentalizado equipamentos públicos para a devida prestação de serviços de primeiros socorros, o que ficou provado no decorrer dos acontecimentos, estão falhos e deixando a desejar. E o que é pior, Olímpia hoje é uma cidade turística e recebe milhares deles todos os dias. Sua população flutuante, às vezes extrapola em muito o que era habitual.

Não é necessário o terror, muito menos o desespero de campanha para evitar desgastes da imagem já tão desgastada pela total falta de humanização e de olhar para as carências do setor, é preciso mais que tudo, deixar de lado a maquiagem e encarar a realidade, afinal, como dizia Nelson Rdrigues, “A vida não é o que você pensa que é, a vida é o que ela é.” E sendo o que ela é, na sua essência é muito frágil, por isto a necessidade de pressa na hora do atendimento médico, para que não ocorra mais mortes da forma como vem ocorrendo.

Em que pese a discussão sobre culpas e ausências de culpa, os mortos não voltam, e as lágrimas derramadas por parentes e amigos não preenchem o vazio que o atendimento médico e imediato e preciso poderiam evitar. Um dia alguém terá que pagar por isso …

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