11 de agosto | 2013

Xô corrupção

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Do Conselho Editorial

As últimas decisões levadas a efeito pela Justiça e tornadas públicas demonstram que efetivamente se começou a tentar inibir as condutas impróprias de agentes públicos.

Como o sistema é, entre aspas, regido pela posse e pelo capital, exatamente por esta vertente os julgadores de feitos que se referem a coisa pública começaram a sangrar exatamente no lugar que o agente detentor do poder chegado a um mal feito mais sente.

Se observado que o grosso das demandas judiciais envolvendo nossos atores sociais, desprovidos da noção do que é certo ou errado no trato com a coisa pública, cuida exatamente de desvios de dinheiro.

Se constatado, através dos anos de intensa discussão que a ganância conduzia grande parte dos envolvidos em esquemas, correto concluir que puni-los através do bolso seria uma forma coerente de mostrar aos aspirantes a venalidade que o tempo da impunidade passou.

As altas cifras que foram impostas como multa, no caso de ex funcionários do período Moreira, ou condição para se obter a liberdade no Caso da Máfia do Asfalto, Scamatti, demonstram bem esta tendência.

Em ambos os casos o valor chega a casa dos 1.800.00 (um milhão e oitocentos mil reais) divididos entre os envolvidos.

Soma relativamente alta para os simples mortais, que pode parecer de somenos importância diante do folclore ou realidade que dá contas de desvios milionários dos cofres públicos pelo país afora.

Não seria muito diferente aqui, como não foi diferente no caso da Máfia do asfalto cujos valores desviados são da ordem de mais de um bilhão de reais.

Portanto, um milhão e oitocentos seria uma mixaria diante do todo arrecadado nas ações que perpetraram.

Ocorre que muitos dos envolvidos foram massa de manobra, laranja, obtiveram quantias irrisórias com a suspeita ação em investigação, supondo que, alguns terão dificuldade de arrecadar fundos para recorrerem da decisão.

Este o cenário que se apresenta, que demonstra com clareza que houve um endurecimento em relação a falta de probidade no trato da coisa pública.

Não era sem tempo, e nos bastidores já se discute que haverá prioridade para agilização dos processos que versem sobre improbidade administrativa.

O Brasil não pode mais conviver com o eterno desvio de verbas públicas, convivendo, em contrapartida, com serviços de muita má qualidade prestadas pelos órgãos públicos em todas as áreas de atuação.

Educação e saúde, sem sombra de dúvidas são prioridades, ocorre que em muitas cidades não só as prioridades não são cumpridas a contento como todas as outras obrigações atribuídas ao gestor público.

Não há esporte amador, cultura, lazer, agricultura e comércio capengam com orçamentos diminutos senão inexistentes.

A farra do boi, o meter a mão no dinheiro público demonstra que o prejuízo causado à sociedade pela ausência da proposição de melhor qualidade de vida, está presente e marcante na vida de poucos que esbanjam riqueza e opulência desfrutadas com dinheiro retirados exatamente dos cofres públicos.   

Esta inversão de valores que antes não era questionada com rigor pela Justiça começou a dar sinais de estar mudando.

Doravante os que tentarem a tradicional política do rouba mas faz, saberá a que está sujeito.

O discurso da impunidade começará a criar bolor enquanto a sombra esquecida da punição começará a impor terror a larápios contumazes, que impunham máfias através da pressão, do desmando, do medo, do autoritarismo.

Quem viver, e sobreviver, certamente verá. Ou não?

 

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