07 de junho | 2020

Flávio Olmos do “Centrão” é o falso novo vestido com a velha prática da corrupção?

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“Os personagens principais do Centrão, ao contrário do que esbraveja mentirosamente Flávio Olmos, nada têm de nova política e estão mais para políticos que pedem porcentagem de emendas destinadas as instituições benemerentes que outra coisa”.

Do Conselho Editorial

Flávio Olmos é vereador e pré-candidato a prefeito nas próximas eleições o­lim­pienses.

Este Editorial pretende, com base nas infor­ma­­ções que se tem e com base em dados e discursos, traçar o perfil ideológico, o comprometimento político e seu posici­o­namento público.

Diante da denúncia de se­u possível envolvimento em ato de corrupção passiva, que contraria seu discurso de mensageiro da no­va política, importante pontuar seu envolvimento com o lado contrário ao que propaga.

Nova política não é termo novo e foi bastante utilizado na última campanha pelo presidente eleito Jair Bolsonaro de quem se presume Flávio Olmos copia o modelo.

A começar pelo Gabinete do Ódio, sustentado pelos seus correligionários nas redes sociais, criando e alimentando inverdades, Fake News, para alavancar a sua candidatura.

As baixarias ocorridas na Câmara Municipal que foram denunciadas eram mu­itas vezes provocadas pela presença de seu grupo que buscava com isto colher mídia e vitrine.

Com a pandemia, Coro­na­virus e a quarentena o cli­ma de polarização de se­u grupo migrou para as redes sociais e de lá criam in­verdades para alimentar sua militância.

E Flávio figura sempre como o salvador, o bom mo­cinho.

Um exemplo é o último Fake News de Flávio afirmando que o Clube de Ti­ro a ser instalado em O­lím­pia não geraria empregos quan­do se sabe que esta informação não é procedente, já que o clu­be geraria em­pregos e Olmos sabe disto e omite propositalmente a informação.

Este é um simples exemplo entre tantos que poderiam ser citados.

Segundo se pode depre­ender da fala de Antonio De­lomodarme na Tribuna da Câmara o sobrinho de Flávio Olmos, Jonas Olmos, seria seu Carlos Bol­sonaro, tanto na construção dos seus discursos quanto no comando do Gabinete do Ódio.

A se confirmar a solicitação de R$ 260.000,00 (duzentos e sessenta mil reais) de contrapartida para se trazer dois milhões para a Santa Casa local, sua situação se com­plica do pon­to de vista político e tal­vez do ponto de vista jurídico.

Poucos entenderão que um agente político que pre­ga a nova política e des­denha a velha política possa tentar extorquir, se tentou, um hospital que enfrenta dificuldades financeiras em tempos de pan­demia.

Seu histórico político não possibilita afirmar que esteja envolvido até a presente data em casos comprovados de corru­pção, mas sua ligação com o antigo sistema destroça seu pretenso discurso inovador.

É filiado ao PP que por a­nos teve como presidente estadual o conhecido político Paulo Maluf, envolvido até o pescoço em desvios de dinheiro público e condenado por corrupção.

Partido que abrigou por anos o ex-deputado Bolso­naro.

O PP, com 40 deputados, que já abrigou Maluf e Bol­sonaro e que abriga Flávio Olmos, faz parte do Cen­trão, que é um bloco informal na Câmara que reúne partidos de centro e centro-direita, que, dependendo da matéria, se articulam para votar da mesma maneira sobre determinado projeto.

Geralmente as negociações são feitas na base do toma lá dá cá, ou seja, trocam votos por cargos e e­mendas.

Os personagens principais do Centrão, ao contrário do que esbraveja men­tirosamente Flávio Olmos, nada têm de nova política e estão mais para políticos que pedem porcentagem de emendas destinadas as instituições benemerentes que outra coisa.

Na linha de frente estão o líder do PP na Câmara, Ar­thur Lira (AL), o presidente do partido, senador Ciro No­gueira (PP-PI), o líder do PL na Câmara, Wellin­gton Roberto (PB), e o ex-presidente da legenda Val­demar Costa Neto, condenado e preso no esquema do “mensalão” e uma das principais lideranças do partido.

Entre os principais arti­cu­ladores do Centrão estão ainda o vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, e o presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), conhecido como Paulinho da Força Sindical, investigado em casos de corrupção.

O Presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jef­ferson, também condenado no escândalo do men­salão, passou recentemente a ser um dos principais defensores do presidente Bolsonaro.

Como dá para perceber, com estas ligações políticas no mínimo du­vidáveis do ponto de vista ético Flá­vio Olmos constrói mais uma Fake News sobre ser a nova política e os outros a política cheia de vícios, de desmandos.

Bolsonaro, no qual parece que se espelha Olmos, também fez isto na campanha eleitoral e desde que assumiu a Presidência da Repúbli­ca, Bolsonaro rejeitou o diálogo com os partidos políticos e descartou formar uma ba­se aliada.

Sempre criticou o que chamava de “velha política”, em referência indireta aos partidos do Cen­trão, conhecidos por negociarem apoio em troca de cargos no governo, prática chamada de “to­ma lá, dá cá”.

No entanto, se rendeu à prática do toma lá dá cá e está negociando com o Centrão os comandos do Porto de Santos, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e até do Ministério da Ciência, Tecno­logia, Inovações e Co­mu­nicações.

A ala militar do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, que endossava o discurso da no­va política, está realizando intensas negociações de cargos com o Cen­­trão, agrupamento político-partidário, repetimos, conhecido pelo chamado toma lá, dá cá e por práticas de corru­pção.

Uma prática de corrup­ção bastante conhecida são as chamadas emendas parlamentares cuja distribuição impediu o impe­a­chment de Michel Temer.

Em tese, Michel Temer só concluiu seu mandato porque subornou parlamentares com emendas parlamentares.

As chamadas emendas parlamentares foram idealizadas para funcionar co­mo um importante instrumento para a melho­ria das condições de vida em cidades com orçamento reduzido.

Em tese, permitir que deputados e senadores decidissem diretamente o destino de parte dos recursos da União como forma de equalizar a aplicação do dinheiro público.

Mas, na prática, as e­men­das se revelaram um duto para a corrupção.

Desgastado e correndo risco, Bolsonaro além de entregar vários postos ao Centrão, em fevereiro do ano passado, quando ainda era titular da Casa Civil, Onyx se reuniu com líderes da Câmara para tratar de e­mendas parla­men­tares e cargos.

A promessa era de que as funções seriam distribuídas de acordo com as bancadas estaduais.

E o governo federal, por sua vez, habituou-se a usar a liberação dessas verbas como moeda de troca, a recompensa pela fidelidade de aliados.

 Esse, entretanto, não é o pior uso das emendas: com a fiscalização frouxa, a aplicação desses recursos por vezes abastece es­quemas sórdidos de corrup­ção.

Compreenderam a raiz do problema ou é preciso desenhar?

Mesmo que não seja, há tempo para um desenho.

O deputado destina a e­menda pra um hospital, por exemplo, e do valor da emenda uma porcentagem retorna a ele e ao vereador, prefeito ou presidente da instituição que a recebeu.

O agente político utiliza este retorno, segundo e­les, em sua campanha para comprar votos porque o que volta é dinheiro sujo, se transforma em caixa dois.

Caberá a instituição premiada com a emenda conseguir notas frias no valor da porcentagem para justificar o gasto da verba recebida.

Não se está afirmando que seria isso o que ocorreria com os 260 mil pre­ten­samente solicitados à Santa Casa na reunião em que Flávio Olmos estava presente.

A título de ilustração, necessário registrar que as explicações não batem e que alguma coisa de podre nestes relatos não cheira bem.

O valor de 260 mil é quantia considerável, a prática corrupta é comum, embora ilícita, há o registro de que houve a solicitação averbada em Cartório.

O vereador não nega os dois milhões e muito menos a reunião.

Porque o Provedor registraria algo que não houve?

Porque o vereador, se ho­uve o fato, abominando a velha política, como diz que abomina, não repudiou de pronto a prática condenável?

São coisas que o eleitor através do histórico político ideológico de Flávio poderá avaliar, de forma não definitiva ou conclusiva, pois caberá ao Ministério Publico Estadual ou Federal esclarecer em suas investigações, se entender que as evidências apontam para o cometimento de ilicitudes.

Enquanto isto, ao vereador e aos membros do Gabinete do Ódio aconselha-se que guardem em gavetas hermeticamente fe­cha­das, com naftalina, pa­ra que traças não corroam, o discurso da nova política até que se prove, se provar, que Flávio Olmos, do Cen­trão não é o falso novo vestido com a velha prática da cor­ru­p­ção.

 

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