20 de novembro | 2016

Garotinho e Cabral tempos de punição ou de arbitrariedades?

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Do Conselho Editorial

A população brasileira está assistindo estupefata toda semana prisões e mais prisões de altas figuras do poder central desnudando o que se sabia desde a descoberta destas terras por Cabral, que era governado por ladrões de casaca, mas ninguém acreditava que um dia seriam desmascarados.

Por tás da aura de autoridade que blindava muitos de nossos políticos, além do fato de poderem criar leis que os beneficiavam, estava uma camarilha, um bando de saqueadores dos cofres públicos.

Não havia punição e nem vergonha na cara; o cinismo chegou a um ponto que as maracutaias e cambalachos faziam parte da lenda urbana de que nenhum empresário contratava com o poder público sem “queimar a mão” de alguma, ou algumas autoridades, dependendo do montante da obra ou serviço a ser contratado.

Depois da Operação Lava Jato a população começou a ter a sensação de que alguma coisa poderia estar mudando na relação promíscua que os agentes públicos levavam com o poder com a sensação de total impunidade.

O alarmante é lembrar que esta promiscuidade bateu às portas do Judiciário onde alguns juízes, procuradores, ministros faziam vista grossa, acobertavam ou participavam do processo de espoliação do país.

Parte do Ministério Público atuava como arquivadora de feitos e autoridades policiais colocavam entraves que dificultavam investigações visando proteger e não permitir punição de ordem legal aos envolvidos em desvios.

De repente, não mais que de repente, a corja se viu acossada por investigações relâmpagos e decisões rápidas que os vão aprisionando e ampliando através de delações premiadas o leque e o número de envolvidos nos saques promovidos na União, Estados e Municípios.

E desta maneira os mais altos coturnos deste pais pularam das páginas sociais para as de notícias policiais; os jantares caros deram vez às quentinhas servidas nos complexos penitenciários e as caras correntes e joias dadas de presente e mimos às esposas participantes de esquemas se transformaram em algemas.

Os ternos caros se transformaram em camisetas e roupas de presidiários e os cabelos bem tratados com xampus importados foram se chocar com o piso frio das prisões para onde foram levados os ex proprietários de melenas que se pensavam donos da nação e acima de toda e qualquer punição.

Esta semana Cabral descobriu o complexo penitenciário de Bangú e Garotinho deixou o “prezinho” da criminalidade política e foi enfrentar o curso superior de malandragem ministrado nas prisões brasileiras por bandidos de toda ordem, agora contando com a experiência dos que governavam Estados de penúria, tristeza e abandonos com mão de ferro na repressão a legítimas manifestações contrárias à corrupção.

O povo apoia, vibra, solta foguetes, comemora e espera que seja passada a limpo a história recente de depredação do patrimônio público por ratos traiçoeiros alimentados por compra de votos e a cultura de levar vantagem que havia se incorporado no inconsciente do povo que entendia que todos roubavam e que isto não iria mudar nunca.

Parece que mudou, e é ótimo que tenha mudado, não poupando arraias miúdas e nem tubarões da alta sociedade, porém, necessário lembrar a necessidade de se evitar excessos e desrespeitos aos mais comezinhos direitos aos que estão sendo alvos de suspeição e investigação.

Não se pode, à titulo de extirpar um câncer que há anos corrói a estrutura moral do Estado, aplicar remédios que comprometam instrumentos caros à democracia, entre eles, direito de defesa e do contraditório, garantia constitucional de respeito ao devido processo legal e o que pode haver de mais importante e que parece não estar sendo respeitado em muitas situações, evitar a espetacularização promovida nas conduções coercitivas, prisões, quase sempre acompanhadas pela mídia.

Além da seletiva distribuição de informações de forma seletiva a determinados órgãos de informação que visam desestabilizar futuras candidaturas e poupar, reservar figuras importantes que fazem parte do sistema podre, mas que tem relações muito próximas destes órgãos.

Afora estas questões, e outras de menos importância, que são relevantes também, como é o caso de se encontrar maneiras que não prejudiquem as necessárias investigações e não deixe sem punição autoridades que por acaso cometam excessos, as operações estão sendo apoiadas pela população cansada de tantos anos de desmandos que se tornou insuportável a convivência com sórdidos corruptos.

Enfim e finalmente começam a ser punidos com cadeia que é o que merecem e não com cargos públicos que nunca honraram ou respeitaram.

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