13 de maio | 2012

O falso milagre econômico de Olímpia?

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Do Conselho Editorial
Olímpia, no atual governo, junto a mídia ligada ao governo municipal vem tendo forçada uma farta estratégia de  marketing para demonstrar que o chefe do Executivo é capaz, aliada a idéia de que o município está vivendo um momento de grande crescimento econômico.

Ocorre, porém, que pode haver, segundo a visão cristã, milagres em Fátima, Lourdes ou Aparecida do Norte, já, no sistema capitalista, por mais que se esforcem os meios de comunicação oficial, não existem milagres no capitalismo.

No capitalismo a base para alavancar o crescimento de um empreendimento particular ou de governo vem sempre acompanhada da devida justificativa racional, que sempre tem por lógica o sucesso de ações empreendidas depois de apurado estudo de mercado.

Fora desta cientificidade, tudo que se dá no sistema voltado ao lucro que não se enquadre dentro desta cruel constatação, está fadado ao insucesso ou será considerado um fenômeno inexplicável, uma aberração cuja aplicação, por contrariar os mecanismos que movimentam o mercado, desaconselhável, por estar enquadrada dentro dos sistemas cujo percentual de possibilidades de insucesso é altíssimo.

Por esta ótica existem dentro do sistema estatal, no Brasil, dois exemplos clássicos e claros de duas tentativas de se iludir o povo brasileiro com a ideia da implantação de modernidades e avanços que conduziriam a nação à condição de primeiro mundo no universo econômico.

A primeira se deu com o saudoso presidente Juscelino Kubistchek , o JK, que inicialmente transferiu a capital do país para o Planalto Central, ideia que custou os olhos da cara e cujo custo malefício foi o endividamento do país.

Para compensar sua ousada intervenção, tida como desnecessária no período por parte dos formadores de opinião, trouxe em contrapartida a indústria automobilística, que veio contribuir na ditadura militar para o desmonte do sistema ferroviário.

No período, a mídia oficial vendia a ideia de que JK era um estadista moderno, que o Brasil cresceria em cinco anos o que não tinha crescido em cinquenta, voltado que estava seu governo para a ideia da modernização do país que não discutia sua falta total de visão para questões mais complexas do universo econômico, e também sua vocação de submissão ao americanismo voraz que explorava a América Latina levando embora riquezas e deixando para trás desolação e miséria.

O resultante da política econômica do período de JK encontra reflexos negativos na economia brasileira até os dias de hoje.

Tempos depois, implantada a ditadura militar, foi forjada, para alicerçar um governo impopular e antidemocrático, com a ajuda da mídia entreguista, a ideia de um possível milagre econômico que geraria riquezas, que faria o bolo crescer e que depois seria distribuída parte deste bolo entre a população do país.

Entre outras coisas e projetos faraônicos, pode-se citar como exemplo da mania de grandeza dois elefantes brancos que ao invés de soluções são problemas para o país até hoje, com um custo altíssimo que em nada justifica suas implantações: A Transamazônica e a famigerada Usina Nuclear de Angra dos Reis.

Vale notar que estes e todos os projetos em que se envolveram os amantes da ditadura militar ficaram envoltos em uma névoa de suspeição, tamanha a corrupção no período.

Os militares, que chegavam com o discurso de combate entre outras coisas, da corrupção que diziam estava disseminado nos governos democráticos que os antecederam, com seu nacionalismo de contos de carochinha, deixaram o poder deixando uma dívida interna e externa imensa e um saldo de corrupção nunca antes visto, que era encoberto pela falta de divulgação.

O endividamento com o FMI e a péssima colocação no ranking econômico mundial são as provas mais contundentes de que o desenvolvimentismo de Juscelino e o milagre econômico dos militares não passavam de grosserias e mentiras e ocultismos que o tempo se encarregou de demonstrar.

Em Olímpia, desde a instalação deste desgoverno que ai está, foi vendida a ideia do crescimento em quatro anos que não houve em quarenta e de um milagre econômico que a princípio, como a exemplo dos períodos anteriores citados, parece não se sustentar na realidade.

Bem a reboque destes períodos, a cidade no início do governo de Eugênio, parecia um canteiro de obras, foram estimuladas as implantações de vários projetos de loteamentos que hoje contabilizam um número entre oito ou dez.

Foram trazidas casas populares que depois de inauguradas todas, a cidade e os distritos contará com quase mil e trezentos imóveis populares a mais, afora os que serão construídos nos loteamentos particulares, vale lembrar, que segundo os línguas pretas de plantão, um único loteamento destes conta com quase seiscentos lotes.

Dentro deste raciocínio, acreditando neste boom econômico, alavancado principalmente pela ideia do crescimento do turismo local, várias lojas foram implantadas no município sem uma mínima ideia da possibilidade da implantação de indústrias no município, nenhum estudo que viabilizasse geração de emprego e renda discutido no plano municipal.

A cidade, a título de ilustração, antes deste governo, tinha pouco mais de doze mil casas, a população demorou, salvo engano, uma década ou mais para ampliar o número de habitantes de quarenta e oito mil habitantes para cinquenta, e só conseguiu através de subterfúgios, que a demonstração de transferências de títulos neste período eleitoral, poderia muito bem demonstrar.

Se for aprofundada a questão, se constatará que a cidade, não só estacionou no plano econômico, como regrediu, se for levado em consideração o número de empresas que deixaram o município ou fecharam suas portas.

O Thermas, por mais que possa contribuir para alavancar o crescimento da cidade, tem limitações que o poder executivo não soube ou não está preparado para discutir. E se não fosse o empreendedorismo de seu presidente se sobrepor à falta de planejamento e ao amadorismo do atual governo municipal, nem com os mais de uma milhão de visitantes por ano que a cidade recebe e não sabe aproveitar se poderia contar.

Inicialmente, independente dos efeitos da crise econômica mundial que irá contribuir para se sentir mais amplamente o que se está discutindo aqui, no plano municipal, já há mostras e evidências da inconsequência da venda da irrealidade de um crescimento incompatível com a lógica de mercado.

Se antes não havia casas para alugar ou vender, já se começa a notar um grande número de placas esparramadas pela cidade anunciando casas para alugar ou vender.

Lojas já cerram suas portas, e a procura por locais privilegiados para a instalação de estabelecimentos comerciais já dá mostras de recuo.

Pousadas e estabelecimentos hoteleiros sentem da mesma forma no setor imobiliário, uma recuada nas procuras pelos seus serviços.

Esta situação, que inicialmente mostra sua face e tomara seja apenas um momento com tendência a não se instalar trazendo transtorno e preocupação para aqueles que investiram milhares na especulação imobiliária e percebem uma nuvem cinza pairar sob a possibilidade de grandes lucros com a venda dos milhares de terrenos que foram loteados no período que, inicialmente, levando se em conta, o passado, aliado ao que foi feito até agora, falsamente desenvolvimentista.

Resta para todos que investiram no município acreditando na ideia vendida pelo poder público, entenda-se Eugênio José, de um crescimento nunca visto desde a fundação da cidade, que orem para não verem afundar no nada os seus investimentos.

E a maioria dos olimpienses, empregados ou desempregados orem para que este editorial não vá além do exercício de uma leitura equivocada da implantação de um sistema econômico que inicialmente demonstra que não foi baseado em nenhum estudo ou proposta cientificamente elaborada ou sustentada pelo que minimamente obriga os conhecimentos mais profundos de economia.

Se der errado, tudo estará evidenciado na falta de conhecimento claro das questões locais, se der certo, enfim terá acontecido o que pretendia a ditadura militar, um milagre econômico.

Sem método ou racionalidade, só por milagre se dará o pretendido boom econômico anunciado pelo governo de Eugênio, que como o Titanic parece dar mostras de vazar água, com tendência a levar para o fundo estabilizadas famílias que acreditam em tudo, até que pode haver milagres no capitalismo.

Se mudanças não houverem, restará apenas a alternativa de rezar e crer, acima de tudo, que o Thermas, como aconteceu ao longo das últimas décadas, consiga sozinho bancar o crescimento econômico de uma cidade sem estrutura, sem planejamento e cujos governantes vivem a pregar os contos da carochinha.

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