10 de junho | 2012

O quadro político mudou?

Compartilhe:

Do Conselho Editorial
Este jornal nunca se posicionou favorável a visão de candidatura única por motivos de fácil entendimento que, geralmente, os que se posicionam no espectro de oposição fingiam não entender.

Os ocupantes de cargo de mandatário na cidade, em sua maioria, ao terminarem seus mandatos, estavam tão desgastados pela inoperância, incompetência, incapacidade administrativa, que grande parte da população tendia a rejeitá-los no voto.

Antes da reeleição, a alternância se dava entre os grupos que se alternavam no poder, que quando culminavam seus mandatos colocavam alguém para perder a eleição e voltar quatro anos depois.

Os partidos políticos eram dominados pela casta, algumas famílias detinham os diretórios e provisórias dos partidos, facilitando que se desse esta fórmula antirrepublicana de escolha.

Com o fim do bipartidarismo outras correntes entraram na discussão e a formação de novos partidos arejaram, pelo menos em parte, a discussão, vindo permitir a criação de uma terceira via que se não chegou ao poder pelo menos esteve em termos de votos bem próximo na última eleição de chegar lá.

Pausa para, embora esteja inserido no contexto da discussão coronel enxada e voto, há que se lembrar da eleição que levou a Nove de Julho Alvaro Cassiano Ayusso, o Marreta, cuja candidatura, antes de chegar ao cargo, não era palatável na classe dominante.

Marreta rompeu com a visão instalada da alternância entre os dois grupos que comandavam a política local.

O pluripartidarismo, criação de vários partidos, permitiu que correntes contrárias às visões que premiavam a mesmice local se posicionassem e colocassem para discussão no período eleitoral candidaturas nascidas dos anseios destes blocos, geralmente discriminados pelos poderosos de plantão.

Quando estes grupos, tidos como uma possível terceira via, começaram a alçar voos que poderiam permitir a leitura de que estavam próximos a chegada ao Palácio da Nove de Julho, o sistema de dominação política instalado nos dois grupos começaram a captação das principais lideranças destes grupos visando a não permitir que chegassem lá.

A eleição de José Carlos Moreira, então filiado ao PMDB, portanto pertencente a um dos grupos dominantes, foi um exemplo clássico do fracasso da visão de candidatura única; seu governo mostrou-se totalmente diverso e contrário ao que foi discutido no período que antecede as eleições, o que permitiu a chegada de José Rizzati ao poder representando a volta do outro grupo.

Rizzatti praticou políticas públicas tão desastrosas e foi tão ditatorial que passou a ser o mal maior a ser combatido, razão pela qual se impunha a necessidade de uma candidatura única.

José Rizzati destroçou os partidos que pudessem se opor e participar de uma eleição contra suas propostas desatualizadas e coronelistas, abrindo, por falta de estratégias, a possibilidade de uma candidatura única.

Os partidos que se opunham a ele não dispunham de quadro para participar do jogo eleitoral; neste contexto surge a candidatura de Luiz Fernando Carneiro que traz o PMDB, partido de Moreira, de volta ao poder.

Portanto, até ai o jogo gira em torno dos dois grupos que dominavam a cena política.

Carneiro foi reeleito em função da divisão da oposição que havia se resgatado em termos de quadro e havia composto mais partidos e juntado quadros tendo condições de participar da eleição que reconduziu o PMDB ao cargo.

Na eleição seguinte, visualizando parte dos que compõem o bloco dos que se opõem a necessidade de romper com o autoritarismo imposto pelo grupo de Carneiro, voltou a se discutir a candidatura única para acabar o que consideravam danoso para a sociedade e estando os partidos ainda em condições de disputar as eleições articulou-se quatro candidaturas.

Ao final, um sórdido panfleto tirou do páreo as candidaturas de Celso Mazziteli e Nilton Martinez e disputaram com José Augusto Zambon Dellamanha, o Dr. Pituca, Eugênio José Zuliani e Walter Gonzalis.

Nesta eleição ficou comprovado, em função da pequena quantidade de votos que separaram os candidatos do Palácio da Nove de Julho, que a quantidade de candidatos não muda o cenário, apenas coloca mais possibilidades de escolha.

Foi eleito Eugênio José, do DEM, ligado ao ex-prefeito Zangirolami que trouxe de volta o grupo de Rizzati ao poder.

Entre outras coisas, muito embora tenha trazido muitas obras, que não demonstram que funcionam como se deveria esperar, poderia ter despontado como liderança moderna e antenada no que há de mais atual, entretanto, optou pelo “obreirismo” inconsequente e pela destruição de lideranças que possam discordar de si.

Nesta visão diminuta destroçou, a exemplo de Rizzati, toda possibilidade de que a oposição pudesse ter quadros para disputar com mais de um nome a eleição vindoura, viabilizou com sua megalomania a possibilidade de uma candidatura única.

Pelo menos é o que se vislumbra até agora, e a saída por motivos de ordem pessoal de Walter Gonzalis demonstra que dificilmente haverá mais que um nome para disputar com Eugênio José a chance de comandar Olímpia nos próximos quatro anos.

Enfim, aqueles que são defensores da antidemocrática candidatura única, como já discutido em editoriais passados, poderão ver confirmadas suas previsões de que apenas um nome pode tirar da poltrona de rei, aquele que é o que representa para este grupo o mal maior a ser eliminado.

Só falta, por enquanto, que estes mesmos articuladores visualizem nas suas vontades de candidatura única, que a imposição do nome de seus desejos é mais antidemocrática que a vontade de um só candidato.

Despir-se da vaidade e chegar a conclusão que muito mais que trazer seus grupos de volta ao poder estão as propostas, os planos programáticos e o destino de mais de cinquenta mil habitantes cansados de votarem no menos ruim para se livrarem do muito pior.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas